Síndicos e moradores buscam soluções para lazer em piscina

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fonte: O Globo

José Avelino Gomes trabalha há 14 anos como guardião de piscina. Diz que já viu de tudo um pouco. Entre as cenas mais cabeludas estão discussão por espreguiçadeira, briga entre os frequentadores, entre outros. Também cansa de observar situações mais corriqueiras, como pessoas incomodadas com crianças e seus brinquedos. São problemas de convivência que aumentam no verão carioca e as piscinas de clubes e condomínios ficam cheias. No caso dos residenciais, as convenções estipulam regras, que, se não cumpridas, podem até acabar em expulsão do condômino, nos casos mais graves.

Atualmente, Gomes trabalha no Waterways, na Barra. O condomínio foi concebido de forma a privilegiar as duas piscinas, que têm aproximadamente 1,5 milhão de litros e justificam seu nome: Waterways, em português, significa “caminhos da água”. Apesar da dimensão da área de lazer, o guardião garante que ali não há grandes problemas:

— Aqui é um lugar mais tranquilo para trabalhar.

Tranquilo, mas não livre de polêmicas, como explica o supervisor de áreas comuns do Waterways, Carlos Alberto Andrade:

— O maior problema que enfrentamos é em relação ao excesso de visitantes. O limite é de quatro por unidade. Há também pessoas que querem entrar com aparelho de som para ficar nas mesas, mas explicamos que isso não é permitido, e a maioria respeita.

piscina_abmNo período em que a equipe do GLOBO-Barra esteve no condomínio, observou apenas algum incômodo provocado pela profusão de boias, bolas e armas de brinquedo (nas mãos de crianças e adultos). De acordo com o aposentado Cesar Monção, que mora no condomínio há 12 anos, a maior dificuldade é mesmo com visitantes.

— Muitos apartamentos são alugados por temporada, e os inquilinos temporários não conhecem as regras. Um dia, alguém tentou entrar com uma prancha na piscina, mas logo avisamos que não podia e tudo foi resolvido — explica.

O síndico do Waterways, Antônio Eloy, ressalta que uma alternativa para conter excessos dos frequentadores é a cobrança da carteirinha:

— Sem ela a pessoa não entra. A gente tenta ter o maior rigor possível, porque a regra está na nossa convenção.

As normas também estão explícitas no portão de entrada da piscina da Associação Bosque Marapendi (ABM), na Barra. São duas placas para mostrar o horário de visitação, cobrar a apresentação de atestado médico e o banho de ducha antes de entrar na água. O extenso regulamento proíbe brincadeiras bruscas, que possam machucar, e uso de objetos perigosos, copos de vidro e bronzeadores. Serve até para indicar os trajes adequados.

— A maior dificuldade que temos é em relação ao banho inicial. As pessoas têm dificuldade para entender que precisam entrar na ducha antes de cair na piscina. Também teríamos problemas se coibíssemos rigorosamente o uso de protetor solar, mas, por uma questão de saúde, preferimos ser tolerantes a oferecer o risco de câncer de pele a uma criança — afirma o presidente da ABM, Ricardo Magalhães.

A piscina da associação é uma espécie de clube para os cerca de 20 mil moradores dos 23 condomínios que a compõem. Magalhães explica que, apesar de a maioria dos blocos ter piscina própria, a da ABM atende ao excesso e às pessoas que querem treinar natação.

— Nossa piscina é dividida em raias e em área de lazer. Nos domingos e feriados, diminuímos o número de raias para evitar problema com as pessoas que vêm apenas se divertir — acrescenta Magalhães.

CONTROLE DE VISITANTES É DESAFIO

No condomínio Barra Golden, a piscina serve só para lazer, quando tem o maior fluxo, principalmente de crianças. Como no caso do Waterwaws, a principal dificuldade, explica a síndica Deusa Faria, é controlar o número de visitantes.

— Alguns moradores reclamam porque, no Natal, no réveillon e nas férias, as famílias recebem muitas visitas, que acabam ocupando o espaço dos moradores — conta.

Uma das reclamações da bancária Bianca Mello, moradora do condomínio, é em relação ao uso de determinados brinquedos por crianças maiores. Ela é mãe dos gêmeos Rodrigo e Gabriel, de 2 anos, que já passaram por apuros.

— Uma vez, crianças brincando com bolas grandes quase os acertaram. Pedi para pararem com a bola e os meninos, que são educados, concordaram na hora. Mas vejo muitos pequenos com 6 ou 7 anos que vêm para a piscina sem os pais. Eu jamais faria isso com meus filhos — pondera.

Bianca também reclama do uso de brinquedos como armas que espirram água:

— Mais do que molhar pessoas indevidamente, essas armas passam uma mensagem que não acho apropriada.

A dificuldade percebida pela administração da ABM para convencer as pessoas a passarem na ducha antes de entrar na piscina também existe no residencial Fontana di Trevi, no Rio 2. O problema se agrava, segundo o analista de sistemas André Mourilhe, quando os moradores vêm da praia:

— As pessoas chegam e pulam direto na piscina. Isso enche o fundo de areia.

O síndico do Fontana di Trevi, Luis Silva, diz que também sofre para manter os copos de vidro longe da água. Uma vez, a piscina teve que ser interditada.

— Uma mulher não obedeceu às regras e entrou com o copo, que se quebrou. Ela foi multada, mas isso não elimina o risco de uma criança cortar os pés — observa Silva.